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Reportagem da revista Veja sobre Michael Jackson - 1984 (3/5)

De fato, como os promotores calculavam que a procura de ingressos seria maior que o número de lugares disponíveis nos estádios, o interessado deveria esperar que um sorteio, feito por computador, decidisse se ele seria um dos felizardos a obter os ingressos. Em caso contrário, ele receberia o dinheiro de volta, de quatro a seis semanas depois - e os promotores, enquanto isso, teriam um lucro extra investindo o dinheiro alheio por um mês ou mais. Naturalmente, ninguém gostou. Os protestos foram aumentando como bola de neve, a imagem de Michael começou a sofrer e uma briga surda se estabeleceu entre ele e os organizadores. Até que, um dia antes do início da turnê, Michael Jackson fez valer sua força. Tomou a iniciativa de reunir a imprensa, em Kansas City, e decretou que o processo de venda de ingressos, a partir daquele momento, seria modificado: cada pessoa poderia comprar quantos ingressos quisesse, o preço passava a ser de 20 dólares e ninguém empataria dinheiro sem garantias de receber ingressos. Para Michael, a gota d'água foi a carta de uma garota de 11 anos, Ladonnia Jones, publicada num jornal do Texas.
Em tom lamentoso, ela perguntava a Michael: “Como você pode ser tão egoísta?". Para afastar de si as suspeitas de cobiça, Michael anunciou que todo o dinheiro que receberá com turnê será doado a instituições de caridade. “ Michael fez isso porque é um bom sujeito”, disse seu gerente Frank Dileo. Na verdade, ele não precisa de dinheiro: sua fortuna pessoal é estimada em 75 milhões de dólares. O que ele quis, com essa reviravolta, foi marcar a distância que hoje o separa do pai, Joseph Jackson, seu empresário, idealizador da turnê e defensor da ideia de que Michael tem de render o máximo para a família.
ARREBATADOR - Para o público presente ao concerto de estreia em Kansas City, porém, a controvérsia em torno de Victory evaporou-se juntamente com a fumaça que envolvia o palco na cena do cavaleiro e dos monstros. Isso porque Victory é um espetáculo arrebatador, que oferece tudo o que o público pode esperar de um concerto de música negra, de um show de Michael Jackson ou de um espetáculo de dimensões gigantescas. Durante 2 horas os irmãos Jackson, alternando-se entre os vocais e os instrumentos, desfilaram antigos sucessos da época em que formavam o grupo infantil The Jackson Five, corno I Want You Back, ou os grandes sucessos só de Michael, como Billie Jean e Thriller. Durante o show, fachos de laser, bombas de fumaça e fogos de artifício cruzavam o palco e o estádio.
E há, naturalmente, o que interessa é a presença de Michael Jackson. Ao longo do show, ele pode ser visto em atitude contrita, interpretando a romântica balada I'll Be There sem acompanhamento instrumental. No minuto seguinte, explode o dançarino voador que, ao som de Beat It, trota pelo palco com a energia de um corpo de baile inteiro, arrancando delirantes aplausos da plateia a cada movimento de suas pernas, braços ou quadris movidos a misteriosa eletricidade. Curiosamente, só uma passagem da carreira dos Jackson permanece ausente do espetáculo: as canções do novo LP do grupo, Victory, lançado nos Estados Unidos- na semana da estreia do show e que estará nas lojas brasileiras no final da semana. O LP é uma espécie de festa promovida por Michael Jackson para seus irmãos, em que o anfitrião pouco circula entre os convidados. Das oito canções do LP, apenas uma Be Not Always é escrita e interpretada por Michael Jackson. As demais são compostas e interpretadas por Marlon, Tito, Jackie, Jermaine e Randy. O disco segue fielmente o estilo musical de Michael e é uma agradável coleção de canções, entre o pop e o funk, mas sem maior originalidade. Há uma exceção: a faixa State of Shock, na qual Michael divide os vocais com Mick Jagger, líder dos Rolling Stones, num raro caso de simbiose perfeita entre dois estilos muito diferentes. Nem mesmo State of Shock, porém, foi incluída no repertório do show Victory, um espetáculo claramente concebido para Michael ajudar a família e celebrar os vinte anos de música dos irmãos Jackson - todos eles pisando o palco desde a primeira infância.
SEGURANÇA - Para que a essa celebração nada faltasse, a produção de Victory montou uma extraordinária infraestrutura técnica. O palco de oito andares, montado a partir de croquis desenhados pelo próprio Michael Jackson, tem cerca de 50 metros de comprimento por 30 de largura. A ele são acoplados milhares de lâmpadas, sete computadores e cinco elevadores internos. Para que esse mamute tecnológico funcionasse sem problemas, montou-se um sistema elétrico de 12 000 volts, quando o normal em shows de estádio é utilizar 5 000 volts. Em cada estádio da turnê estarão funcionando 100 caixas de alto-falantes, pelo menos quarenta a mais que o habitual. E para carregar esse circo de 370 toneladas pelos Estados Unidos, mobilizaram-se 24 caminhões com trailers e uma equipe de 100 pessoas. Naturalmente, tal estrutura exigiu um dos maiores investimentos até hoje feitos num show musical, mas o retomo promete ser compensador.
O cuidado da produção de Victory com a infraestrutura técnica só é comparável ao dedicado à segurança pessoal dos músicos e das plateias. Em Kansas City, quem não tivesse um ingresso na mão não podia entrar sequer no estacionamento do estádio. Nos acessos à plateia, cada espectador passava obrigatoriamente por um dos 38 detectores de metais instalados, prontos a identificar qualquer arma, objeto de metal ou mesmo latas que fossem introduzidas no estádio. O consumo de bebidas alcoólicas foi terminantemente proibido durante o show.
A maior proteção, obviamente, ficou para o próprio Michael Jackson. Para impedir que os fãs descobrissem qual o seu hotel em Kansas City, foram alugados para levá-lo até o estádio Arrowhead não apenas um, mas quatro helicópteros, que cruzavam os céus da cidade pousando e decolando em locais diferentes a curtos intervalos. Uma vez diante do público, entretanto, ele se soltou como sempre - e como sempre ficou com toda a atenção. De fato, embora Victory seja anunciado como “um show dos irmãos Jackson", Michael é um protagonista entre coadjuvantes. Nos espetáculos de Kansas City, nas únicas três canções em que Michael deixava o palco e entregava o comando do espetáculo a seu irmão Jermaine, era visível a movimentação do público em busca das carrocinhas de lanches e dos corredores de circulação - como se aquela fosse a hora do intervalo.
(Fim da Parte 3)
Reportagem publicada pela revista Veja em 18 de julho de 1984
Reportagem da revista Veja sobre Michael Jackson - 1984 (3/5) Reviewed by MJFans BR on 9:30 AM Rating: 5

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